Crítica de Arte

Picasso e a Modernidade Espanhola

PEDRO CLEMENTE

A exposição acontece no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) entre os dias 25 de Março e 8 de Junho. Trata-se de uma curadoria que parte das principais fases de Pablo Picasso, desde 1930 nas suas gravuras que aspiravam pelo movimento e dinâmica, passando pela sua fase cubista mais conhecida, e terminando em uma recapitulação figurativa mais livre nos anos sessenta. Por fim, a curadoria também engloba uma dezena de outros artistas modernos espanhóis que foram participantes ativos dos movimentos da pintura vanguardista mais importantes da Europa do século XX, como o expressionismo, surrealismo, cubismo, abstracionismo concreto e suas respectivas variantes em também instalações e esculturas.

Algo notável na exposição são as transições que cada um desses momentos da pintura de Picasso assumem em si e entre si mesmos, isto é, notamos dentro do primeiro momento entre gravuras do mesmo ano, usando a técnica de água forte sobre papel, que existe uma experimentação repetitiva em torno da figura da mulher e da escultura e possibilidades representativas sobre esses mesmo objetos. Vê- se portanto a linguagem do pintor tomando forma gradualmente. Em um momento precedente ao cubismo, o artista apresenta o que a exposição chama de Variações, nas quais o pintor assume quase que simultaneamente a partir de uma estrutura clássica figurativa, características do expressionismo em sua distorção, surrealismo em sua captura do onírico e cubista em sua composição gráfica. Posteriormente, já em sua fase cubista, a exposição dá-nos uma perspectiva de Picasso em 1937, quando o pintor liga-se mais intimamente ao cubismo, e vê-se aí uma escolha simbólica baseada na mitologia ocidental em suas pinturas. Tais estudos resultam na obra “Guernica”. O aspecto mais interessante é a possibilidade de observar com certa intimidade o trabalho evolutivo de um pintor tão emblemático, também notar as consequências do terror e medo, consequências das duas guerras mundiais que Picasso vivenciou.

Quando visitamos a parte que se expande ao modernismo espanhol, há uma transição brusca, uma vez que existem tantos movimentos estéticos ocorrendo simultaneamente. Chamou minha atenção uma artista em específico chamada Maruja Mallo, cuja estética gráfica e simetrica se destacava na precisão de traços e cores.

Uma exposição como essa possibilita uma compreensão mais aguçada do que foi o começo do modernismo e suas vertentes através de um olhar mais obtuso sobre universo espanhol.